sábado, 20 de julho de 2019

Em SP, bebê de um ano só come na creche, e 5 pessoas dividem 4 ovos



O jantar de sexta-feira (19) na casa de Jadilson Morais da Silva, 25 anos, foi quatro ovos apenas, que foram repartidos entre cinco pessoas: ele, sua mulher, sua mãe, sua irmã e seu filho.

“O que mata a fome do meu filho é a creche. Aqui em casa não tem nada para dar para ele”, resume Jadilson à Folha de São Paulo.


Ele é categórico ao discordar do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que afirmou que "falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”.

“Passo fome, às vezes, sim. Fico o dia todo sem comer nada. Comemos porque meu irmão às vezes ganha uma cesta na igreja, algum vizinho ajuda, a gente recebe uma caixinha de leite”, diz ele.

A situação da família, que vive na Brasilândia, zona norte de São Paulo, chegou a esse ponto há três anos, quando seu pai, que sustentava a família com um salário de segurança, morreu.

Jadilson já trabalhou em metalúrgica, lava-rápido e transportadora, mas ficou desempregado. Na última segunda-feira (15), conseguiu um emprego numa loja de pipas, em que espera ganhar cerca de R$ 800 por mês, se sua produção for boa.

“A gente tinha R$ 900 em conta atrasada, e iam cortar nossa luz. Mas o pessoal do emprego do meu irmão fez uma vaquinha para pagar”. “O que salvou essa semana foi a comprinha que uns jornalistas fizeram para ajudar, pagaram até a fralda do meu filho.”

O menino, Bernardo, de um ano e três meses, é a maior preocupação da casa. “Quando ele não está em aula, damos um jeito, compramos uma bolacha. Ele não pediu para nascer nesse mundo, nós fazemos o que podemos. E assim vamos levando a vida.”

A mulher dele, Joelma, 19, faz bico de faxineira, quando consegue. Ela morou a vida toda em um abrigo de órfãos e tem problemas de audição. “Já pedi dinheiro na rua, mas não gosto, me sinto muito envergonhada. Às vezes querem jogar coisas na nossa cara, fico muito chateada”, diz.

Fonte: Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário