Até as 20h de ontem, dia 27, Garanhuns tinha oficialmente dez casos registrados da COVID-19. Desses, duas pessoas vieram a óbito. Porém, a cada dia que se passa e diante do crescente número de casos registrados no Estado (hoje já são 5.358 e 450 mortes pela doença), aumenta no Município o sentimento de que muitos casos vem sendo sub-notificados, ou seja, pessoas adoecem, se recuperam, ou até mesmo morrem pela COVID-19 e os dados não são registrados pelas autoridades sanitárias locais.
Hoje pela manhã, dia 28, a Rádio Jornal de Garanhuns trouxe a informação do registro de duas novas mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Hospital Regional Dom Moura, aqui em Garanhuns. Trata-se de dois homens, um de 59 anos, que residia na comunidade do Indiano, e outro de 53 anos que residia no bairro Francisco Figueira, a Cohab 2. Antes, no último sábado, dia 25, outro homem, de 76 anos, morador da Brasília, já havia falecido por SRAG no Dom Moura. Os mortos foram sepultados cumprindo o protocolo da COVID-19, porém não há informação se foram testados e, consequentemente, confirmação ou não se estariam contaminados pelo Coronavírus.
Além da tristeza vivida por familiares, vizinhos e amigos, que não conseguem realizar as homenagens aos falecidos, cresce também o sentimento de medo na população, que diante da escassez de informações passam a não mais confiar nos Boletins divulgados, já que a falta de exames para testar os casos suspeitos, seja a partir dos Postos de Saúde ou do Hospital Regional Dom Moura, não gera confiança nos dados oficiais divulgados diariamente pelos Órgãos Sanitários.
A desconfiança se amplia ainda mais diante da demora na divulgação dos resultados por parte do Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), que por não suportar a demanda do Estado, passa diversos dias para divulgar resultados que são obtidos em algumas horas ou até minutos na rede laboratorial particular.
DESABAFO DE UM MÉDICO - Diante desse quadro de incerteza gerado pela falta de informações, cabe o registro de um recente desabafo de um Médico de Garanhuns, postado em um grupo composto por autoridades estaduais e municipais no aplicativo de mensagens WhatsApp. “Não dá para ficar batendo na tecla: fica em casa, fica em casa e não fazer nada além desta orientação! Já deu. Já estamos há (mais de) 40 dias das medidas restritivas e o que o Governo do Estado fez até o momento para a região do Agreste?”, indagou o Médico, complementando: “cadê os respiradores que não chegaram ao HRDM (Hospital Regional Dom Moura)? Ficaram presos na alfândega? Estão sendo usados em Recife? O MS (Ministério da Saúde) não mandou ainda? Cadê a UPAE equipada com os leitos e respiradores? A UPA quem está organizando é o município de Garanhuns, mas precisa da ajuda do Governo Estadual para complementar os serviços! O Hospital Perpétuo (Socorro) já está quase pronto? Sim, é verdade, mas está pronto graças a família Tinoco que fez a reforma sem receber até o momento nada do ponto de vista financeiro por parte do Estado! (...); não estou politizando minhas perguntas, mas, ou mudamos o plano estratégico ou irão morrer muitas pessoas em nosso Município!”, chamou a atenção o Profissional de Saúde.
Vale registrar que após orientação da direção da 5ª Gerência Regional de Saúde, sediada aqui em Garanhuns, o Blog do Carlos Eugênio manteve contato telefônico, e em seguida via e-mail, com a Secretaria Estadual de Saúde, no último dia 22 deste mês, para que pudessem dar posições oficiais acerca dos questionamentos do Médico, porém em resposta a Assessoria de Imprensa da Pasta registrou apenas que “as novidades para o Agreste serão anunciadas. Entramos em contato assim que possível”. O Blog segue a disposição da Secretaria Estadual de Saúde e dos demais órgãos citados nesta reportagem para publicar as suas versões sobre o assunto.
Fonte: Blog do Carlos Eugênio
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